Venho da noite sem estrelas
Venho da noite sem luar
Mas fui gerado à luz do dia
Concebido à beira-mar
Sei dos mistérios do tempo
Da magia da mudança
Meu sorriso de criança
Não desiste do meu rosto
Não desiste aquele gosto
Agonia no meu peito
Amargo travo paladar
Aflição meio sem jeito
Sempre suspensa no ar
Sei das horas sem destino
Dos momentos de tristeza
Do torpor e da beleza
Num sorriso feminino
Vejo sempre desatino
No caminho que eu sigo
Brisa leve a me levar
É que eu só encontro abrigo
Sempre suspenso no ar
Sei dos olhos, dos cabelos...
Do desejo, da luxúria...
Da violência, da fúria...
Elos, pelos e novelos...
Nove velas, nove selos...
Novecentos e nove sonhos
Embriagados neste bar
Outros tantos tão tristonhos
Sempre suspensos no ar.
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