Dentre momentos a gente se perde
E enloucamente nos questionamos
A gente distante do que nos pertence
Reclusos naquilo que um dia foi antes

E a gente nem sempre se lembra da gente
E faz do pra sempre um tempo distante
O mesmo de antes em tom diferente
Por tudo na vida, nunca o bastante

Da base egoísta em que nos formamos
Por não percebermos aquilo que somos
Sofremos sozinhos silenciosamente
Em goles de vinho, distintos e ardentes

Se são só momentos porque já passamos
Por que repetirmos o mesmo de sempre?
Se o corpo que sofre pede por socorro
Razões tão somente da mente que sente

Pras dores do mundo de um mundo doente
Por mais que se lute, por mais que se tente
Ser igual aos outros ou ser diferente
A gente se perde fugindo da gente

Desejos confusos nos prendem em correntes
De tão dependentes frágeis nos tornamos
Melhor encarar o que somos de frente
Mentir pra si mesmo nos torna só planos

Esqueço às vezes quem sou
E às vezes não sou quem eu desejo ser
Se somos reflexo do que já foi bom
Bem menos que tudo o que quero esquecer

Já faz algum tempo que a gente se foi
E quando partimos ninguém disse adeus
Às falsas promessas de quem prometeu
Apenas retratos que o tempo apagou

São apenas lembranças
Tudo o que trago comigo
Um fio de esperança
Do que poderia ter sido