Seis e meia, o dia acaba E eu na janela, impaciente Daqui a pouco, com seus cães de raça Você passa indiferente Sete e dez você retorna E pega as cartas com o porteiro Meu coração guarda os seus passos E o elevador guarda o seu cheiro Eu me imagino à sua porta E o meu sorriso quando eu entro E a calma nos meus olhos E a segurança com que eu me sento Mas a noite me devasta Já não basta o pensamento Porque é sempre um outro homem Que te invade o apartamento Que te rouba o pensamento Hoje é sete de setembro Faz três anos que eu escrevo Como escravo eu coleciono Os seus gestos em segredo Eu arquivo a sua vida Nos seus mínimos detalhes Eu conheço as suas roupas Te conservo num diário Hoje é sete de setembro E às sete e dez você recebe O que pode ser a glória Ou minha carta testamento Mas a noite me devasta Já não basta o pensamento Porque é sempre um outro homem Que te invade o apartamento Que te rouba o pensamento