Por estes pagos Onde sopra o minuano Há muito tempo Viveu um senhor tirano Coração xucro Como os potros que criava Tinha um negrinho Que pra ele pastoreava. E o próprio filho Deste cruel fazendeiro Roubou lhe um potro E vendeu por bom dinheiro Levando a culpa O negrinho apanhou tanto Sendo obrigado Campear o potro em todo canto. Pobre negrinho Passando fome e frio Campeou o potro Três noites três dias fio Não encontrando Por vingança o fazendeiro Amarrou o coitado Em cima de um formigueiro. E com seu corpo Todo coberto de mel Ele morria Padecendo a dor cruel Mais um clarão Vem do céu Nossa Senhora E levou ele Morar no Reino da Glória. Hoje a peonada Que viaja pro sertão Leva três velas Pra acender em sua intenção, Diz que o negrinho Montado em um potro branco Traz pro seu dono O boi que arribou no campo. E eu também Que neste mundo vivo errante A ti negrinho Eu imploro a todo estante, Daí um alívio Pra esta dor que me maltrata Trazendo a mim O coração daquela ingrata.