RD 350, Viúva Negra, cadela
Sem comando de válvula
Só motor, sem freio
A gasolina se consumindo como cerveja

Sem comando, o motor gira
Sem comando, a Viúva Negra corre
Sem comando, o motor gira
Sem comando, a Viúva Negra corre

Eu prefiro dois tempos
Gira mais e é fedorento
E eu passo sempre fincando
Fazendo barulhos infernais

Sem comando, o motor gira
Sem comando, a Viúva Negra corre

No inverno o frio é de trincar os ossos
De garrafão, o vinho esquenta a cabeça
Eu tomo todas, preciso de combustível
Agora posso guiar as rodas do destino

Sem comando, o motor gira
Sem comando, a Viúva Negra corre

Zeno foi na frente
Mas não dava para ver
No cruzamento a 190
Foi só o tempo de se arrepender

Sem comando, o motor gira
Sem comando, a Viúva Negra corre

Sem capacete - com a cabeça na guia
Com os miolos - espalhados na via
Ali parado - não chorava nem ria
Esmigalhado - meio caixão já servia

RD 350, Viúva Negra, cadela
Sem comando de válvula
Só motor, sem freio
A gasolina se consumindo como cerveja
Nem o ferro velho a quer
Ela nos levará ao inferno