Boi magro e velhinho morrendo no pasto, Servindo seu dono na vida e na morte Seu último lucro agora é seu couro, Pois ele precisa de um laço bem forte Quando o couro é magro o laço é mais firme, Por isso o boizinho tem que emagrecer Ficou decidido seu triste destino, De fome e de sede precisa morrer. Seu couro trançado vai servir depois, Pra no mesmo pasto laçar outros bois. Cortaram-lhe a língua pra impedir que coma E perca a gordura que estraga seu couro Por isso não pode comer as pastagens Que cobrem de verde seus campos e morros Que triste martírio sentir a água fresca, Molhando seus cascos sem poder beber Tomara que o dono lhe mate depressa, Assim deixaria de tanto sofrer Seu dono é humano, por isso não sabe Que os animais também sentem dor Cortaram-lhe a língua pra morrer de fome, E fazer seu couro subir de valor Boizinho me ponho em sua defesa E grito às mais altas tribunas do céu Pra que Deus coloque com severidade Os seus assassinos no banco dos réus.