Por que voltei, vocês vão saber agora Porque voltei, se sorrindo eu fui embora Porque voltei, se deixei meu par de esporas E o meu cavalo, esquecido campo à fora Voltei trazendo no peito a dor da saudade Do velho Pingo, meu amigo de verdade Voltei de novo, pra cantar lá nas pousadas As velhas modas, com vocês companheirada Há muito tempo, vocês devem estar lembrados Por um alguém, eu parti enfeitiçado Um boiadeiro que jamais foi dominado Por esta ingrata, acabou sendo enganado Voltei pra por minha bota empoeirada Ouvir um galo anunciando a madrugada Quero abraçar o meu cachorro campeiro Ouvir ao longe o berro do pantaneiro Se estou chorando, com franqueza é que eu digo Não é por ela, ao passado já não ligo Igual a ave que retorna ao ninho antigo Choro de alegre, por rever velhos amigos Quem não sentiu o ar puro das campinas E nunca ouviu um berrante em surdina Não viu a lua, deitado sobre um baixeiro Não sabe, amigo, como é bom ser boiadeiro