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Phil Collins: uma análise vocal do músico britânico

Com uma voz única, Phil Collins acumulou diversos sucessos e prêmios ao longo da carreira. Confira uma análise vocal e conheça as características do seu canto!

A qualidade técnica de alguns cantores merece um olhar mais atento de quem se interessa por música e, claro, pelo canto. Pensando nisso, preparamos uma análise vocal de Phil Collins, que é uma das vozes mais marcantes da história do rock!

Phil Collins cantando em show segurando o microfone com uma mão
Phil Collins fez história cantando e tocando bateria (Foto: Reprodução)

Mas não é só isso que torna esse artista tão especial e digno de destaque. Com uma ampla gama de habilidades artísticas, ele foi da bateria à atuação em cinema e TV, seguindo uma trajetória única e recheada de sucessos.

Além disso, os prêmios que ele acumulou como cantor confirmam o merecimento do destaque que lhe damos agora.

Para apresentar uma análise à altura desse grande nome, nada mais apropriado que contar com o olhar de uma especialista. Assim, convidamos ninguém menos que Vivi Donner, cantora e instrutora de canto do Cifra Club, para orientar este artigo e garantir a qualidade das informações. O resultado você confere a partir de agora!

Análise vocal de Phil Collins

Phil Collins não começou sua carreira musical como cantor, mas sim como baterista, o que lhe deu um bom tempo para amadurecer sua técnica.

Por conseguinte, em seu auge, foi um vocalista aclamado pelos fãs e pela crítica, com excelente domínio técnico e dono de uma extensão vocal invejável.

Estima-se que, em média, as pessoas alcancem uma variação tonal de uma oitava a 4,5 oitavas, mais ou menos. Por sua vez, a extensão vocal de Phil Collins é de 3,3 oitavas, indo do C2 ao D#5 – o que é um alcance relativamente alto. Afinal, uma pesquisa mostrou que as maiores extensões entre vocalistas profissionais não ultrapassam muito as 5 oitavas.

Embora Phil Collins tenha uma voz muito notável e facilmente reconhecível desde o início de sua carreira, ela mudou ao longo dos anos. A seguir, você conhece mais sobre essa trajetória com a análise técnica da nossa instrutora de canto, Vivi Donner!

Anos 70: assumindo o vocal da banda Genesis

Em 1970, Phil Collins se juntou à banda Gênesis como baterista. Naquela época, ele não era o cantor profissional que mais tarde se tornou.

Ainda assim, logo no ano seguinte, em 1971, fez sua primeira aparição como lead vocal na música For Absent Friends, do álbum Nursery Crimes. Confira como foi essa estreia:

Como explica nossa instrutora, nos anos 70, Collins cantava em tons agudos utiizando “voz mista”. Ele usava pouco vibrato, muito nasal, uma voz leve de crooner, mas bem projetada.

Inclusive, uma de suas principais características é o uso da ressonância nasal, misturando o tom nasal britânico ao australiano.

No entanto, ele também dominava bem a dinâmica vocal, indo da “voz de cabeça”, mais suave, a uma voz de peito e com um pouco de drive. Assim, com a voz suave, conferia ternura às baladas românticas, enquanto, com a outra, trazia potência às faixas épicas, atingindo notas agudas de forma agressiva.

Foi apenas em 1975, durante a gravação do álbum A Trick Of The Tail (1976), que Collins se tornou o vocalista principal do Gênesis. Perguntaram a ele numa entrevista: “Como um talento bruto para cantar pôde se tornar um bom cantor?”. A resposta foi: “praticando e praticando”.


Anos 80: mudança de estilo e carreira solo

Até 1980, o canto de Phil Collins era ideal para o rock progressivo do Gênesis, com tons leves e volumes suaves.

Contudo, ao longo da década de 80, o Gênesis passou a tocar em grandes arenas e estádios. Por causa dessas mudanças, Collins sabia que tinha que adaptar seu estilo de canto para se adequar ao novo ambiente de apresentação.

Todos esses pontos o fizeram se apresentar de forma mais agressiva, transformando-o em um cantor de rock. Assim, como nos aponta Vivi Donner, em Heathaze, do álbum Duke (1980), há um Collins pré-1980, frágil nos versos, e um agressivo pós-1980 no refrão.

Foi também nessa época que ele fez o seu primeiro álbum solo, Face Value (1981). Nesse álbum, Donner destaca a música In The Air Tonight, em que o cantor demonstra sua habilidade de notas suaves a pesadas através da música. Essa é a maneira como ele continuou cantando nas próximas décadas.

Na primavera de 1983, o Gênesis gravou seu álbum homônimo (1983) com a significativa Mama. Muitas pessoas a descreveram como a melhor performance vocal de Collins de todos os tempos. Inclusive, nossa instrutora, para quem o auge da forma de cantar de Collins foi durante os anos de 1983 e 1984:

Se você verificar o álbum do DVD The Mama Tour (1984) ou outras gravações dessa turnê, você ouvirá um cantor extremamente afinado e que fez todos os efeitos vocais ao vivo tão perfeitamente quanto no estúdio.


Trajetória premiada

No final de 1983, Collins gravou Against All Odds (Take A Look At Me Now), pelo qual recebeu seu primeiro prêmio Grammy de Melhor Performance Vocal Pop Masculina.

Em 1984, gravou o álbum No Jacket Required, seu lançamento de maior sucesso em todo o mundo, especialmente por causa de seu canto.

Esse álbum ganhou prêmios Grammy de Álbum do Ano, Produtor do Ano e Melhor Performance Vocal Pop Masculina pelo segundo ano consecutivo. Nos anos seguintes, Collins flutuou em uma onda de sucesso.

Anos 90: problemas vocais

Durante a Invisible Touch Tour com o Genesis, em 1986 e 1987, Collins teve problemas de voz pela primeira vez. Para tentar evitar mais falhas vocais, Collins começou a tomar cortisona, um hormônio com ação anti-inflamatória.


Então, em 1992, durante a turnê We Can’t Dance, todo o show teve que ser cancelado após duas músicas, por causa das falhas vocais.

A turnê continuou, mas, se você ouvir gravações ao vivo dessa turnê, você pode reconhecer Collins cantando com uma voz sobrecarregada. Se você comparar Sussudio ao vivo em 1990 com Sussudio ao vivo em 1994-95, verá a diferença.


Na opinião da instrutora, teria sido melhor se Collins tivesse transposto as músicas para tons mais graves durante as apresentações ao vivo. De fato, foi exatamente isso que ele fez depois que voltou para o Genesis.

Anos 2000: agravam-se os problemas

Em 2007, com No Son Of Mine, do Live Over Europe, Collins mostrou uma voz firme e agradável, com bem menos esforço do que antes. Para Donner, é como ele poderia ter soado se já tivesse transposto muito de seu material ao vivo anos antes.

Naquele mesmo ano, porém, uma lesão nas vértebras do pescoço do músico lhe provocou danos irreversíveis nos nervos. Pouco depois, em 2015, uma cirurgia na coluna causou novos danos incapacitantes, e, em 2017, uma queda o levou a precisar de uma bengala para andar.

Por que Phil Collins parou de cantar?

Com sérios problemas de saúde, depois de 2010, Phil Collins perdeu muito de sua capacidade de voz. Anunciou sua aposentadoria em 2011, mas, depois disso, voltou a fazer aparições esporádicas em ocasiões especiais.

O dia 26 de março de 2022 simboliza os finais do grupo Genesis e também da presença de Phil Collins em palcos. Surgindo em uma cadeira de rodas para cantar e tocar pandeireta, o músico declarou que aquele seria um concerto “muito especial”.

Esta é a última parada da nossa tour e é o último show do Genesis. É difícil para nós acreditarmos que todos vocês ainda vêm nos ver. Sim, depois desta noite, todos os membros da banda vão ter de arranjar um emprego sério.


Confira um pouco de como foi essa apresentação final:

E o que você achou dessa análise vocal de Phil Collins? Se você tem a pretensão de seguir carreira no canto, certamente encontrou aqui um material importante e completo!

Para desenvolver sua própria técnica e alcançar o máximo do seu potencial como cantor ou cantora, venha aprender com o melhor método de ensino de música do Brasil!

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Foto de Roger Dorl

Roger Dorl

Artista formado em Teatro, especialista em Língua e Literatura Brasileira. Professor, escritor e produtor cultural. Toca violão e teclado, é cantor, compositor e arranjador. Escreve para o Cifra Club desde dezembro de 2021.

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