Qualquer dia desses ainda pego o meu carro e sumo daqui Vou aonde der a gasolina Daí em diante ando a pé, até encontrar carona em carro de boi Suspendo o meu ódio e salto num vale inatingível Percorrerei a mata e me embrenharei por ela até chegar numa árvore A mais alta, e preparar um cochilo joia Na chuva que os dias trouxerem Esquecerei de contá-los Perderei seus nomes e sequência Chamarei do que quizer Dia vento Dia de sono Dia sem graça Dia areia e pó Os vícios e obrigações Responsabilidades, relógios e cordões Serão pesadelos que nem lembrarei Palavras se perderão, outros símbolos virão Pedra cortada Mato achatado A seta no chão Descivilização Na chuva dos dias, meu nome vai fugir Escorrer pela terra até que as plantas o suguem Aí ele será uma presença inaudível, em todo lugar Como algo tão notório e que, por isso, não precisa se falar Sol sem brilho, luz sem cor Descivilização Porque a vida é passageira, e a morte, o trem